Ana Lúcia qualifica eleição em Aracaju

26-10-2011 14:36

Por Cristian Goes.

Em algumas eleições, seja para prefeituras quanto para o Governo do Estado, os resultados parecem definidos com bastante tempo. As figuras principais se destacam, as pesquisas reforçam as disputas e as urnas confirmam o que já se sabia. Não existem grandes surpresas. Mas outros pleitos são marcados pela completa indefinição. As dúvidas começam pelos nomes dos postulantes e se consolidam na disputa propriamente dita até o dia do voto. Este último caso pode ser o da eleição para a Prefeitura de Aracaju em 2012, um processo aberto e que algumas surpresas podem ocorrer.

Depois do anúncio do deputado estadual Adelson Barreto (PSB) que é pré-candidato em Aracaju e da filiação do advogado Henri Clay Andrade ao PSOL, com possibilidade de ser um nome para uma frente social de esquerda, um fato novo e que tem provocado grande repercussão política e social foi a inscrição da deputada estadual Ana Lúcia (PT) nas prévias do partido e sua vontade de ser a escolhida como o nome para a Prefeitura de Aracaju. Quem imaginou que a disputa no PT seria apenas entre Rogério Carvalho e Sílvio Santos pode ter muita surpresa ainda. Ana é a primeira mulher a se apresentar para o pleito do próximo ano. Além disso, uma possível eleição dela abre vagas definitivas na Assembleia Legislativa para Gilmar Carvalho (PR) e Tânia Soares (PCdoB), além da possibilidade de eleger uma grande bancada de vereadores.

Aracajuana, professora, secretária de Educação da capital, na primeira gestão de Marcelo Déda; secretária de Estado da Inclusão, também na primeira gestão de Déda; deputada estadual em seu terceiro mandato, Ana Lúcia tem experiência no Executivo e como parlamentar e acredita que pode ser a primeira mulher a governar a capital. Seu ingresso nesse debate eleva a discussão sobre qual o projeto de cidade se quer para Aracaju. Ela desfoca a disputa em torno de nome e foca no debate de projetos.“Ao longo da minha trajetória política, sindical e social, tenho refletido sobre os problemas de Aracaju, e buscado atuar, nos diversos espaços sociais, debatendo com todos os setores, porque esse é o meu jeito de pensar e fazer política, discutindo com a sociedade para construir soluções para os problemas. E esse é o jeito petista que quero fazer voltar à gestão da nossa capital", disse Ana.

Ela acredita que se a população entender sua mensagem e apoiar seu nome, o partido também deve apoiar. Ela lembra que Aracaju sempre foi uma cidade cujos habitantes sempre foram muito críticos e vanguardistas na política. "E entendo que a nossa cidade deve continuar assim. Aracaju não pode se render ao conservadorismo e ao atraso". A pré-candidata petista avalia, ainda, que o nome do ex-governador João Alves, do DEM, como pré-candidato na disputa pela Prefeitura de Aracaju não assusta e dará ao pleito uma polarização muito clara, já que seu grupo político, segundo ela, representa objetivamente a direita conservadora que sempre usufruiu do Estado para se manter no poder. "Estamos de lados diametralmente opostos. Acredito e defendo a construção de uma sociedade verdadeiramente democrática, com justiça social, distribuição de renda, com participação popular nas deliberações das políticas públicas, enfim, tudo o que o DEM e João Alves repudiam", diz a deputada.

Para Ana Lúcia, o desgaste do PT e da administração de Edvaldo Nogueira na capital se dá muito mais pela falta de diálogo permanente com a população aracajuana do que por serem administrações ruins. "Não são. Déda administrou por seis anos a prefeitura e saiu muito bem avaliado. Edvaldo faz uma boa administração. Mas falta dialogar melhor com a sociedade. Falta comunicação e isso tem gerado desgastes", avalia a deputada.

Pelo jeito, a pré-candidatura de Ana Lúcia é para valer e, a depender de organização e mobilização pública em torno do seu projeto, pode-se trilhar um caminho sem volta, onde ela tem de fato às condições de polarizar com uma possível candidatura do ex-governador João Alves Filho, transformando a eleição de Aracaju em uma espécie de plebiscito em torno de dois projetos de gestão pública, completamente distintos. Mas antes de tudo isso, Ana Lúcia vai precisar vencer o debate interno do PT, o que é uma outra e, talvez, mais difícil eleição.